Depois de avisar de que não queria mais que arrumassem o seu
quarto, Val olhou para a sacola. Tinha um longo trabalho pela frente. Tinha
que faze-lo. Novamente olhou para a sacola. Ela abriu a sacola e espalhou
os papéis por cima da cama. Mas antes de começar a
estudar o caso, como sempre, ela foi pegar junk food.
Se sentou na posição indígena ( como sempre fazia
) e começou a dar uma olhada nos papéis. Depois de mais de
8 horas estudando, ela se deu conta de que estava cansada. Eram quase meia
noite. Resolveu que iria dormir... mas aonde? Os papéis estavam
em cima da cama, numa bagunça arrumada que ela sempre fazia. Se
ela tirasse os papéis de lá, ela não se encontraria
mais quando tentasse estudar o caso novamente. Ela colocou a mão
na cintura para rir. Ela teria que dormir no sofá. ´
Desbancada por um monte de papéis´, ela pensou, rindo.
Pegou seu travesseiro, e foi dormir no sofá.
No outro dia cedo, ela acordou e foi tomar o café da manhã,
ao chegar na recepção, novamente avisou que não queria
ninguém arrumando o quarto. Ela nunca confiava em ninguém,
por isso preparou o quarto de modo que se alguém segurasse na fechadura,
ela saberia. E também deixou o esquilo tomando guarda. O animal
sabia que se ela não o tinha levado era porque ela queria que ele
tomasse conta de algo.
Val tomou seu café rapidamente. Não queria deixar Scotty
sozinho por muito tempo, além do mais, agora ela sabia que tinha
realmente muito trabalho pela frente. Voltou ao quarto e analisou a fechadura.
Ninguém havia mexido nela. Entrou e jogou pra o animal, algumas
guloseimas que ela trouxera do café. Scotty as comeu rapidamente,
enquanto Val voltava ao trabalho.
Estava quase anoitecendo quando ela ouviu passos no corredor. Os passos pararam em frente a sua porta. A maçaneta se mexeu.
- Oi Prima... Como estás? – ela perguntou sem ao menos olhar para o lado.
- Nossa... Você me reconheceu só pelos meus passos
- Depois de quase nove anos, se eu não reconhecesse era pra me matar. E não venha me elogiando pa você também sempre sabe quando eu estou chegando.
- Tudo bem... – Celly suspirou e se sentou no sofá – Trabalhando?
- Não estou catando conchinhas! – Val disse, sarcástica – pintasse o cabelo de loiro? Ou andasse cheirando água oxigenada?
- Quer parar? Só tava puxando assunto, mas que coisa! Scotty. Vem cá, coisinha!
- Sabia que eu o chamo assim?
- Sabia. Você sempre chamava os animais de coisinhas.
- Pois é. E aí, como vai a segurança do presidente?
- Vai indo. Nada de mais aconteceu até agora. Às vezes tenho até vontade de dormir. Não sei com o que ele está se preocupando. Até agora nenhum sinal de terrorista ou algo. A única coisa que me dá nos nervos é a mulher dele que não pára de nos encher e o sobrinho dele que é um pestinha.
- Bom pra mulher arranja um amante que ela fica bem querida, pro sobrinho.Atira ele contra a parede e faz dele papel de parede oras..
- Porra, mas tu és malina hein? Olha só se você tivesse que desarmar uma bomba e essa bomba tivesse na composição... Val, Val!!! Você está me escutando???
- Eu? Huh? Ah, to sim.. É que eu vi uma coisa aqui que não me agradou muito.
- O que foi? – disse Bel entrando no quarto – por acaso o mafioso é feio e o filho é gostoso e você vai ter que... Você sabe...
- Além disso.. – Val disse sorrindo – não ele ta com esquema de segurança até pra testar se na pasta de dentes não tem penicilina..
- Ele é alérgico?
- Sim Celly, pelos registros médicos dele aqui, ele é bem alérgico.
- Porque você não coloca na comida? – perguntou Bel
- Porque não dá... – disse Celly
- Ora... Mas ela não vai supostamente ter um caso com ele? Então..
- Então o que? – perguntou Val
- Assim, você prepara uma comidinha bem gostosa pra ele e você dá na boquinha... Depois ele tem um ataque cardíaco... Você diz que foi de tanto trepar e ninguém descobre!!!
- Genial Bel!! Você é um gênio!! – diz Val pulando da cama. Depois ele para de repente e coloca o dedo na boca, como se estivesse pensando – mas eu vou fazer isso antes de trepar com esse velho. Deve estar tudo em pelancas!!
- Mas se fosse o filho até que você pensava duas vezes, não é, Val?
- Ah! Isso eu não sei não, prima... Talvez, dependendo do meu ânimo. Agora, suas pestes... Me digam, o que vocês estão fazendo aqui???
- Ora, bolas – disse Bel – sentimos saudades.... – disse ela sarcástica
- Mentirosa! – disse Val, jogando o travesseiro contra a amiga. – conheço vocês... Ou melhor, Conheço essa tola aí – disse ela apontando para Celly – por mais que ela estivesse com saudade, ela é muito responsável...
- Ao contrário de você, não é Lee? – disse Bel
- É... – respondeu ela – eu se sentisse saudades de alguém eu mataria algum bandido pra ficar melhor – disse ela rindo
- Na verdade... – disse Celly – nós viemos aqui pra ver como você está se saindo... E aproveitamos que o presidente está no prédio em frente para podermos vir aqui...
- E quanto aos meninos? – perguntou Val, remexendo em um monte de papéis.
- O Kyle? – perguntou Bel, com um sorriso maroto.
- É...Ele também... – respondeu Val, meio sem jeito.
- Estão cuidando da segurança do presidente – disse Celly
- Sozinhos?- perguntou Val meio espantada.
- Não, né, sua loira!!! – disse Bel rindo de Val – eles estão com mais um monte de seguranças. Você acha que a gente ia arriscar o pescoço deles??? Não aquele pescoço lindo que tem o Kyle...
- O que você disse? – disse Val com um olhar fuzilante
- Só testando o que você ia responder – disse ela com um olhar de superioridade – eu sabia que você ia fazer isso...
- Como?
- Ora Val, você nem sempre é imprevisível – disse ela sorrindo
- Ora sua... safada!!!!
- Vocês duas querem parar? – disse Celly rindo – viemos aqui a trabalho e não para brincar. Mas voltando ao assunto, como estão indo as coisas??
- Olha, prima... estão indo bem... o problema é que eu acho que o trabalho é pior do que eu imaginava... digo, como ele tem muitos seguranças, deve ter um até para conferir se o seu sabonete não é uma bomba, acho que não vou poder ir sozinha... acho que vou ter que recrutar mais gente para ir comigo. Estava pensando em vocês.
- Ah! Eu adoraria umas férias na Grécia! – disse Bel, já empolgada
- E eu então... – disse Celly – mas antes, temos que terminar o que começamos, ou seja, a segurança do presidente.
Elas continuaram conversando por um bom tempo, quando o bip de Celly toca.
Ela liga de volta. Assim que sabe o que está acontecendo, ela pega
na mão de Bel e as duas saem correndo. Val ficou sem saber o que
estava acontecendo. Sabia que só saberia quando se encontrasse com
a prima novamente, e ela não sabia quando seria a próxima
vez.
Val se levantou e foi até o frigobar. Pegou algumas coisas para
comer enquanto trabalhava. No final, quem comeu foi o Scotty que roía
tudo e Val estava muito concentrada no seu trabalho e nem notou.
Apenas uma coisa ela não deixou que o animal comesse. Suas Menthos.
Ela era fascinada por essas balas e sempre que podia, ela comprava um verdadeiro
estoque. Por ter um sabor um tanto quanto forte, Scotty não se atrevia
a comer mais de uma, e para comer uma já se demorava.
Novamente, era meia noite quando Val se deu conta de que tinha trabalhado
demais. Mesmo assim, ela estava terminando de fazer algumas anotações
sobre o último esquema de segurança utilizado pelo mafioso.
Ele se aproximou da porta de seu quarto. Sabia que ela estaria ainda trabalhando,
girou a maçaneta e entrou. Ele olhou para a cama. Se assustou com
o que viu.
Sem tirar os olhos dos papéis. Val mantinha a sua ´filha´que
era a mais moderna pistola 9mm automática, apontada para ele. Exatamente
para a sua cabeça. Ele não sabia como ela era capaz de estar
com a mira perfeita, mesmo não estando olhando para o alvo. Ela
abaixou a arma.
- Olá Owlet. Da próxima vez, vê se pelo menos me avisa antes. Sorte sua que eu estava concentrada aqui trabalhando, porque se não estivesse a mamãe coruja ia estar agora sem um filhote.
- Eu só vim aqui porque o general me mandou. Também não venho mais. Você quase me matou.
- Oh! C´mon! Não seja um cagão. Você sabe muito bem que se eu fosse te matar você já estaria morto. E agora já me enchi com você, seu cabeça de pastel!! Vai te fuder!! O que você tem para mim... lhe juro que se não for importante, você vai sair daqui sangrando e muito!! Sua corujinha medrosa!
- Mas que droga. Você só sabe falar palavrão?
- Seu filho da puta – disse ela se levantando, novamente com a arma em punho – você vem aqui, me tira a concentração e vem me criticar? Escuta aqui seu imbecil, eu estou ficando de mal humor, se você não me passar logo o último relatório da estada em França do mafioso, eu vou te dar um tiro bem nas suas bolas!
- Como você sabe que esse relatório era sobre a estada em França? – pergunta ele, surpreso
- Simples, porque você é tão idiota que não sabe nem esconder a porra de um envelope de um simples esquilo – disse ela abaixando a arma e pegando o envelope do esquilo. Ela acariciou o animal e sorriu, tirando sarro do agente.
- Mas como?
- Ora, se você se deixa enganar por um simples esquilo , quem dirá por um bandido? Meu jovem, acho bom você voltar para a base e tentar treinar um pouquinho mais – disse Val levando ele para a porta. Antes de fecha-la ela ainda disse – ah! O sistema de segurança do QG ta uma bosta. Você não presta pra nada mesmo! Ou você achou que podia enganar o DT? Seu idiota!! – e ela bateu a porta na cara dele – mas que merda – ela disse para Scotty – agora vou ter que trancar a porta!!!